"And the Oscar goes to ..." ou "Minha Mãe mandou dizer que o escolhido é ..."

Procurando, pesquisando, pensando, ponderando e, principalmente, parlamentando,  decidimos voltar pela ... tchan, tchan, tchan, tchaaannn .... "Rota de Baco". Esta não foi a opção mais votada, mas temos nossas razões. A principal dela, óbvio, é que esta rota tem mais vinho disponível para degustação. Brincadeirinha, rsrsrsrsrs. O verdadeiro motivo é porque ela é a mais curta e não transformará a viagem numa projeção de slides "saltando" pela janela. Queremos ter mais tempo de fazer contatos com pessoas, culturas, etc...  Poderemos curtir a Valpariso e Vinã del Mar, andar tranquilamente pelo Mercado de Pescado de Santiago comendo todas as centolas que o bolso aguentar, degustar em Mendonza e "preguiçar" por outros locais interessantes. A volta pelo Peru / Rio Branco nos remeteria à Amazonia Peruana com seu violento regime anual de chuvas. Não quis me expor a estes riscos num único carro; seria mais seguro num comboio. Ficará para um período em que não chova tanto. Já a volta por Bariloche é a mais extensa, e repleta de maravilhas das quais teriamos que selecionar apenas uma pequena amostra para visitar. Voltando a citar meu conterrâneo imortal: "escolher é excluir", lembram? Amargariamos, diariamente, a frustação de ter que evitar belos sitios. Bom, agora é só detalhar o roteiro Antofagasta, Santiago, Mendonza e Porto Alegre. Praias, predios, hoteis, resturantes, curiosidades, ...Quem tiver dicas por favor envie-nos.

"Tem Gato na Tuba!" ... ou "O dia em que o carro miou!"

Deixei o carro meio parado na garagem um bom tempo pois, com 42.000 Km rodados, só terei uma folga de 18.000 Km para rodar até próxima revisão obrigatória; e não me sinto confortável para fazer uma revisão fora do Brasil. De dois em dois dias dou uma ligadinha para não colar nada. Dou também uma voltinha no quarteirão para não deformar os pneus. Um belo dia, poucos segundos após acionar o motor, sinto o carro inteiro vibrar fortemente e escuto um apavorado miáááááááááááuuuuuuuuu. Pensei ... "Pronto, pisei um gato!" Mas, peraí, eu ainda não saí do canto, isto é impossível! Nunca me ví tão ágil assim: desliguei o motor, destravei o capuz e voei para olhar o que estava ocorrendo. Temia encontrar um banho de sangue, uma nuvem de pelos e cacos de gato por tudo que é canto. O motor é enorme e deixa pouco espaço para vermos algo. Ainda estava acostumando os olhos à penumbra quando vi um jovem e tímido gatinho olhando prá mim super desconfiado. Tadinho, ele também deveria estar pensando no que poderia ter acontecido para ser despertado de forma tão violenta. Olhar para mim era tudo que ele conseguia. O tadinho tava tão fraquinho, mas tão fraquinho, quem não conseguia formular nenhuma expressão no olhar, nem de dor, nem de susto, nem de raiva. Passamos algum tempinho assim: ele olhando prá mim, e eu pra ele. Pensávamos, eu, de como poderia tirar o gatinho dalí o mais rápido possível, e ele, como escafeder-se incolume com sua única vida que deve ter restado. D-e-v-a-g-a-r-z-i-n-h-o, mas bem d-e-v-a-g-a-r-z-i-n-h-o mesmo, para meu alívio, ele mexeu uma patinha, depois outra e foi lentamente aumentando a velocidade até desaparecer celeremente, para sempre, pelo portão. Ufa, que susto! Me lembrei da marchinha "Tem Gato na Tuba" (gravada pelo Balão Mágico) que a minha alegre e cantante mãezinha me ensinou::

"Todo domingo, havia banda
No coreto do jardim
E já de longe, a gente ouvia
A tuba do Serafim...
Porém um dia, entrou um gato
Na tuba do Serafim
E o resultado, desta "melódia"
Foi que a tuba tocou assim:
(Pa-rá-rá-tí)
Pum ... pum ... pum ... (miáu)
Pum ...pum pum pum... (miáu)"

A trilha do charme - Cada paisagem é um flash

Quando eu era pequenino ficava "babando" quando olhava as fotos das paisagens nevadas que ilustravam as folhinhas dos calendários. Nascido no semi-árido, com origens no meio de pedras, macambiras e xique-xique, era inevitável que neve, montanhas, vales, florestas, rios e lagos me fascinassem. Juro que eu sentia o friozinho da neve quando mirava aquelas fotos. Atire a primeira pedra (ou bola de neve) quem nunca sonhou em visitar aqueles lugares. Nesta opção de volta para o Brasil teremos a chance de deixar nossos rastros em paisagens como aquelas. Além de Bariloche esta opção inclui lugares fantásticos como Puerto Montt, Puerto Varas, Osorno, Bahia Blanca, Buenos Ayres (El Caminito), Montevideo, Punte del Este, Chuy e Porto Alegre. Maior problema desta opção: é a mais longa (sniff, nada é perfeito!).

Na volta ninguem se perde ... mas se atola?

O roteiro da volta pelo Perú é, de longe, o mais emocionante. Pensem só: Puno (lago Titicaca), Arequipa (Canion de Colca), Nazca (sobrevoo das figuras), Cusco (Machu Pichu), Quince Mil e Puerto Maldonado (Amazonia Peruana), Rio Branco/AC e Porto Velho/RO. Mas não para aí: inclua quatro dias de balsa até Manaus e mais cinco dias, também de balsa, até Belem. Pronto, a partir daí estaremos "somente" a 2.000 Km de casa. Olhem só a rota de Antofagasta a Porto Velho:

O roteiro é lindo, né? O problema é atravessar a Amazonia Peruana em pleno período de chuvas ...aí  até lagartixa se atola!

Uma volta digna de Baco

Dentre as opções de volta para o Brasil, a mais curta é o roteiro Santiago, Mendonza, Uruguaiana e Porto Alegre. Atravessaremos deliciosas regiões vinículas do Chile, da Argentina e do Rio Grande do Sul. Como o percurso é menor teremos mais tempo para degustação e, principalmente, curtir a ressaca antes de voltarmos à estrada. Neste roteiro, de Antofagasta a Porto Alegre passando por Santiago, percorreremos belissimos 4.000 km, por vales ferteis, praias paradisiacas (e geladas) e altissimos montes nevados. De Porto Alegre até a porta de nossas casas, em João Pessoa, ainda teremos que rodar outros longos 4.000 km. Eis o roteiro até Porto Alegre:

Pruquí ou pruculí? ... Em cada encruzilhada uma dúvida.

Há quem diga que um dos melhores momentos de uma viagem é o planejamento. Nele você é "livre" para ir para onde quiser. Para mim é uma tarefa angustiante: querendo aproveitar tudo, cada encruzilhada me faz sofrer tentando escolher a melhor "perna". Enquanto, para muitos, escolher é eleger, para mim, talvez contaminado por um conterrâneo imortal, escolher é excluir. O mar de informações fornecidas por guias, mapas e, principalmente, internet, alimenta-me de encruzilhadas, de dúvidas. Sites e mais sites, artigos e mais artigos, fotos e mais fotos, comentários e mais comentários ... Ufa! 

Bom, prá mim a melhor parte é mesmo a viagem em sí: pé no mundo, o vento no rosto, o balançar do carro, as paisagens fluindo, as pessoas com suas riquezas de culturas e conhecimentos, as comidas, as bebidas.

Mas, apesar do sofrimento, eu planejo, lógico. Consulto tudo à minha volta, pego distâncias no Map Source, no Goggle Map, relatos de outros viajantes, etc... Procuro informações sobre estações climáticas e estado das estradas, segurança, abastecimento, apoio. Quanto maior a viagem claro que mais cuidado eu tenho.

Para esta viagem, após meses de "trabalho" fixei o roteiro da ida de João Pessoa/PB a Antofagasta/Chile. Existem opções já delineadas para a volta que ainda competem entre si para ser a escolhida. Vejam a ida:

Será um percurso de 6.700Km em 15 dias. Nosso natal será em Salta/Argentina e nosso reveillon em San Pedro do Atacama/Chile, com uma magnífica "lua azul" clareando as neves dos Andes.